*De Leandro Fanti.
Esta história se confunde com a minha desde quando
trabalhava no Frigorifico Líder, na Vila São Tomé, em Viamão, a onde me criei e
vivi.
Hoje esse jovem senhor chamado Leandro Fanti de uma
memória invejável, porque nunca se esqueceu destes fatos e de seus autores e
atores, entre os quais me incluo. Ele me conta uma parte de sua infância para
fundamentar a sua opinião sobre um importante debate que a sociedade brasileira
deveria fazer com a responsabilidade que este jovem o faz.
Então vejamos a sua história argumentativa....
Este é o Leandro quando trabalhava no frigorifico Líder, na São Tomé |
“Quando conheci o Itamar
Santos eu tinha 10 anos, eu morava na rua: Frei caneca n:545 a quase 2 km do
frigorífico, eu ia caminhado todos os dias até o frigorífico para vender
rapadura, cocada e suco, eu lembro de muita gente que falava para meu pai que
aquilo era errado.
Mas pelo jeito meu pai estava certo. Fora vender rapadura
etc.. Eu levava os ranchos dos funcionários até suas casas de carroça, pegava
esterco e vendia para os moradores da são tome.
Tive meu primeiro emprego de
carteira assinada com 13 anos, paleteava com 15 anos, dianteiro, traseiro,
costelas. meu pai sentia orgulho de mim! Nuca fui forçado a nada, só tenho a
agradecer!
Aprendi se quero algo vou trabalhar. Agora muitas pessoas acham
absurdo uma criança trabalhar com 13 anos. Só quero que fique bem claro sou
contra trabalho escravo! Mais sou a favor da redução da maior idade. Obrigado
meu falecido pai: Alveri Oliveira de Freitas.
Este é o meu Amigo e Colega de Trabalho, no Líder, o Alveri (in Memoria) e pai do Leandro Fanti. |
Hoje sou um homem e todos aqueles que te criticaram um dia,
hoje ver que teus filhos são trabalhadores e nuca tiveram uma passagem na
polícia . Lugar de ladrão,assassino e na cadeia.
Eu ficava sentado nos bacos
que tinha na frente dos vestiários do frigorifico, vendendo rapadura era começo
dos anos 90.
Lembro de alguns nomes ainda, velho elmo seus filhos Guilherme,
Beto, Daniel. Tinha sr: Ivo, Telmo, Guinter , Sadi da mecânica, Alcei da kombi, Ernâni, Dona Eva, Bastião, Jorginho, Cabeça, Faquinha, Pelezinho, etc...
relembro de todos só não recordo os nomes.
Isso já faz 25 anos eu tinha 10
anos. Só tem uma recordação que não gosto muito foi em 95 jogo do Grêmio x Ajax
que eu assisti la no frigorífico numa tv
que botaram no refeitório...”
É desse jogo do Grêmio eu não gosto de lembrar também!!!
Pois é neste período que foi aprovado a Lei 8069 de 13 de
julho de 1990, que neste ano completará 25 anos, justamente porque as crianças
eram impedidas de Estudar e muitas não tinham a família que o meu amigo Leandro
teve e eram obrigadas a trabalhar por muitas horas sem nenhuma garantia.
As Leis são criadas para que absurdos não aconteçam e há
25 anos atrás as famílias eram outras, os costumes eram outros e os valores
éticos e morais também eram outros.
Neste período muitas coisas evoluíram, tv, jornais,rádios
e internet toram uma proporção absurda e que em muitas famílias ditam as regras e
os costumes.
Quero dizer com isso que neste período avanços e
conquistas foram alcançadas, mas as desigualdades não foram abolidas ocorrendo o seu aprofundamento promovido por uma propaganda mercantilista
que impõe ao conjunto social, que permanece distante desse avanços tecnológicos, uma vontade de ter para si o que ate então não teve como adquirir porque não há
trabalho para todos.
A desigualdade social promovida pela falta de trabalho
para todos provoca a violência que tanto nos mostram nas TV’s, muito por culpa
desde meio de comunicação de massa que faz crer ser necessário ter o Tênis de
Marca para ser o “bom”, o “bacana”...
Sem grana e pressionado pelos seus pares, os jovens sem
trabalho e sem escola são presas fáceis aos traficantes e bandidos que utilizam
essa mão de obra, barata, para lucrarem no seus negócios que alimentam o
restante da engrenagem ate chegarmos nas sonegações das grandes e legalizadas
empresas que abastecem os “caixas 2” da corrupção.
Assim podemos ver que tudo faz parte de uma engrenagem
maior que visa somente o “ter o poder”...
E nesta engrenagem monstruosa estão os Jovens das
periferias do imenso Brasil que geralmente são Pobres e miseráveis, Pretos e
Pardos os quais, se for Reduzida a Maioridade
serão os primeiros a engrossarem os índices, também, absurdos dos
Presídios do País.
Leis como o ECA não proíbem os adolescentes de trabalharem,
dos pais educarem seus filhos e muito menos deixa de punir caso algum jovem
faça algum erro.
O que estamos presenciando é um Bando de Deputados,
Deputadas, Senadores e Senadoras querendo que retornemos aos tempos das
cavernas onde não haviam Leis e as crianças não eram consideras como pessoas,
portanto Reduzir a idade para Prender e fazer Trabalhar como se adulto fossem
não esta correto e só satisfaz aqueles que querem lucrar com isso.
Eu e teu pai como você também iniciamos a trabalhar aos
15 anos de idade, mas não é por isso que os nossos filhos ou netos terão que
faze-lo só porque nós fizemos, pois hoje é outra época é outra história que
ainda contaremos.
Caro Leandro Fanti muito obrigado por me permitir contar
essa história com você e com certeza o meu amigo Alveri tem muito orgulho de ti
por seres um homem de caráter forte!!!
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