*A Economia como Instrumento de
Libertação: Por Uma Ciência a Serviço das Maiorias*
A ideia de que a economia é apenas "a ciência da escassez" ou "das escolhas individuais" é uma narrativa construída para justificar a dominação de uma minoria sobre a vida da maioria. Essa visão reduz a complexidade social a meros cálculos de custo-benefício, como se as desigualdades fossem naturais e inevitáveis. No entanto, a verdadeira função da economia não deveria ser a de regular a pobreza, mas sim a de planejar a abundância – garantindo que todos tenham acesso às condições básicas para uma vida digna.
O discurso da "escassez" serve, na prática, para manter o povo refém de um sistema que privilegia o lucro de poucos em detrimento das necessidades coletivas. Enquanto se propaga que "não há recursos para todos", bilhões são concentrados nas mãos de uma elite que dita as políticas econômicas do país. Essa falsa limitação não é técnica, mas política: o que falta não é dinheiro ou produção, mas vontade de redistribuir riqueza e poder.
A economia, como qualquer ciência, não é neutra. Ela pode – e deve – ser orientada para atender às demandas sociais, assegurando alimentação, moradia, acesso à saúde, educação, trabalho digno, transporte e a acesso à terra para toda a população. Países que adotaram políticas de planejamento econômico com foco no bem-estar social demonstram que é possível conciliar desenvolvimento com equidade. O Estado tem o dever de intervir para evitar que o mercado, deixado à própria sorte, reproduza crises e exclusão.
O Brasil precisa romper com a economia da dependência e construir uma economia da emancipação. Isso exige:
1.
*Planejamento democrático* – onde as prioridades sejam definidas pela
população, não por tecnocratas ou banqueiros;
2.
*Controle público sobre setores estratégicos* – como energia, transporte
e comunicação, para que sirvam ao interesse nacional;
3.
*Tributação justa* – taxando grandes fortunas e lucros excessivos para
financiar políticas universais;
4. *Produção voltada às necessidades reais* – e não à acumulação privada sem limites.
A verdadeira economia não é a que impõe
sacrifícios aos trabalhadores, mas a que organiza os recursos para garantir
vida plena a todos. Se a ciência econômica hoje serve aos donos do capital, é
nossa tarefa resgatá-la como ferramenta de libertação. A escassez não é um
destino – é uma imposição que pode e deve ser superada.
Itamar
Santos
Viamão
24 de julho de 2025.