Inicialmente quero reafirmar a minha
defesa intransigente do SUS como sendo o melhor sistema público de saúde
existente na atualidade, ainda em construção e por isso de forma coletiva
porque envolve toda a sociedade com suas diferenças sendo isso um preceito
constitucional brasileiro garantido ao povo brasileiro.
A saúde pública tem abrangência
universal e não existe critérios que possam ou que permitam excluir determinado
segmento social de qualquer intervenção-atendimento do SUS aos seus usuários.
As condições de saúde das pessoas em
geral fazem parte de um processo maior que está vinculado à cidadania de cada
um e cada uma de nós que inclui o direito à habitação, a uma alimentação
adequada, à educação, ao lazer e aos bens culturais, à livre expressão das
opiniões e ao pleno exercício dos direitos políticos.
A falta de qualquer um destes direitos,
influência na saúde das pessoas ou na falta de saúde causando sérios
transtornos individuais saturando os serviços públicos disponíveis.
Sob a hipocrisia dos adversários dos
serviços públicos, defensores ardorosos das privatizações e do Estado Mínimo
onde os investimentos governamentais com saúde ou educação são considerados
como “gastos” impeditivos dos superávits que lhes garantiriam maiores recursos
públicos a titulo de pagamento, da impagável, divida pública, que nada mais é,
do que enriquecer os banqueiros.
Por isso enfrentam-se cotidianamente lutas na
implementação do SUS com os recursos a ele atualmente dispensados.
Entre os vários problemas enfrentados
advindos dos parcos recursos financeiros nos deparamos com uma rede de saúde em
permanente formação onde a qualificação profissional e principalmente o
compromisso com o serviço público deixa a desejar.
A partir desta constatação até o
constante colapso do sistema é fato onde a grande mídia tripudia verborizando a
ineficácia do SUS e de seus servidores manipulando as verdadeiras
responsabilidades de um sistema social que privilegia o capital ao invés do ser
humano.
Para permanecer atendendo em situações
muito precárias onde a falta de pessoal e de espaço (Hospitais e Unidades de
Saúde) é uma verdade criaram-se “protocolos” para regular o fluxo das pessoas
nos mais variados serviços de saúde existentes no Brasil.
Quando falamos em saúde entendo que
seja um assunto sério e de extrema relevância.
E as urgências ou emergências
devem ser atendidas com rapidez e segurança para o trabalhador e o socorrido,
mas nem sempre é assim.
Na logica de controle dos fluxos de
acesso aos serviços temos vários “protocolos” que podem ser exemplificados nas
centrais de regulação das emergências hospitalares, acessadas pelo fone 192,
nas emergências hospitalares pelos chamados “Protocolos de Risco” ou “Protocolo
de Manchester” ou nas Centrais de marcação de consultas ou exames especiais.
Sou um adepto da organização, portanto
nada contra em organizar os fluxos, mas tudo contra a burocratização ou o
descompromisso com os serviços.
Outro dia liguei ao 192 e fui atendido
por alguém para quem prestei todas as informações sobre a senhora que encontrei
na via pública caída e com um forte sangramento na testa.
Após me ouvir a
pessoa da central de regulação me fez aguardar por mais de 10 minutos, pois
teria que falar com o médico regulador.
A senhora em questão foi levada ao
hospital por uma Brigadiana em sua viatura da BM que passou naquele momento.
Ficam as perguntas:
Quanto
tempo é admissível aguardar para ser regulado por um médico¿
Tem que ser um médico para fazer esse
trabalho?
Faltam médicos?
Muitas outras perguntas teriam a
questionar, mas este é somente um dos serviços onde o acesso às emergências
hospitalares é através de seus “protocolos de risco” que impõe aos usuários
quatro horas de espera se no “protocolo” este foi “classificado” como “AZUL”,
ou seja, onde não há risco de vida ao paciente (http://www.tolife.com.br/classificacao-de-risco/?lang=pt).
Outra perguntinha: Porque este usuário não é encaminhado ao serviço
de saúde certo para o seu caso ou não é atendido por um enfermeiro ou
enfermeira?
O Hospital de Clinicas de POA esta
“testando” o referenciamento (referencia e contra referencia) destes pacientes
as unidade de saúde mediante um acordo com a secretaria municipal de saúde da
capital para que garanta o atendimento deste usuário na unidade de saúde mais
próxima de sua residência impedindo que as pessoas permaneçam perambulando de
serviço em serviço sendo mal atendida e assim desrespeitada em seu direito a
saúde pública e gratuita.
O SUS tem outros serviços que se
propõe a acabar com esse desrespeito já em atividade como os ESF’s ( equipes de
estratégia de saúde da família), acolhidas livres onde todos os usuários são
atendidos por algum componente daquela equipe ( usada nos CAPS-Centros de
Atendimento Psicosocial), Consultório na Rua, os quais abordarei em breve.
O SUS é bom, só tem que se ter
compromisso de gestão do gestor de plantão e de seus servidores como agentes
promotores de qualidade deste sistema público de saúde exigindo sempre melhores
condições de atenção aos usuários.
Assim estaremos construindo
coletivamente o SUS.
Em abril, também leia este artigo na Folha de Viamão.