O povo gaúcho culturalmente tem
posições muito definas sobre suas preferencias e na politica também é assim.
Historicamente os resultados das
eleições municipais em nossa cidade são desfavoráveis aos eleitos, pois a
maioria dos viamonenses vota majoritariamente naqueles que serão, teoricamente,
oposição ao futuro governo.
Após 16 anos de administrações hegemônicas
do PT a população veta o seu retorno ao paço municipal e passa o comando da
gestão ao seu maior adversário nacional, o PSDB.
Analisar uma derrota sempre é mais difícil
porque posso cair no simplismo e contabilizar todas as causas da derrota ao
ex-prefeito Alex Boscaini que reinou soberano nos últimos 8 anos, administrando
com mão de ferro onde a democracia era peça decorativa dos livros políticos que
permaneceram no fundo das gavetas de bibliotecas lacradas.
Esta postura ditatorial foi
fundamental para que o então Prefeito fosse o alvo dos seus adversários e de
parcelas importantes do eleitorado local que por sua posição social são
formadores de opinião.
Estes formadores de opinião
encontram-se principalmente na classe media aqui representada pelos pequenos
comerciantes capilarizados por toda a cidade, desde a área urbana ate a região
rural, sendo esta dominada pelo latifúndio produtor de arroz; o braço forte do
PSDB e da direita local.
Em uma eleição polarizada onde
qualquer um poderia sair vitorioso, os 3.669 votos que deram a Bonatto a vitória
foram o suficiente para configurarem este descontentamento localizado.
Descontentamentos
com a construção do Pórtico ou com a mudança no transito no centro da cidade
foram marcantes no consciente popular.
Outro setor que gerou vários descontentamentos foram os servidores públicos que preferiram correr o risco de
terem seus salários atrasados no futuro, pois Bonatto era o secretário do
governo que atrasou o salario do funcionalismo municipal por mais de cinco
meses, só pra se ver livre de um prefeito narcisista que abdicou do dialogo com
os trabalhadores públicos e que abusou nas terceirizações, pratica que tem tendência
de avançar no futuro governo.
Esta eleição também foi marcada pelo domínio
do poder financeiro onde os eleitos ostentaram o seu status social e
manipularam a seu favor o eleitorado, neste caso de maioria miserável.
Isto
pode ser notado pelas campanhas milionárias e pela consequente concentração de
votos nestes candidatos.
Para a câmara de vereadores os que foram
eleitos são aqueles que detêm o maior aporte financeiro ou esta vinculada ao
serviço publico que os possibilitou “facilitar” o acesso do eleitor a este
serviço ou o alcance de benefícios sociais pelo governo federal, estadual ou
municipal ao seu eleitorado.
Infelizmente esta pratica é corrente na politica
brasileira e o povo aceita esta “compra”.
Pratica esta que será desfeita quando
tivermos mais consciência popular, uma justiça mais participativa e a criação
do financiamento público de campanha onde todos os candidatos tenham os mesmos
recursos para a propaganda eleitoral.
Ate lá!!! Temos que ter muita conversa
para criar uma consciência politica emancipatória nas classes menos favorecidas
a fim de criar-se maior independência politica entre a população e os políticos.
Publicado
no Jornal Folha de Viamão na 2ª quinzena de
Outubro de 2012.