Segundo
o médico pediatra Marun David Cury, diretor de defesa profissional da
Associação Paulista de Medicina (APM), "pagar
R$ 10 mil para um médico trabalhar 40 horas é UM ABSURDO", disse ele,
referindo-se ao valor de bolsa previsto pelo "Mais Médicos" para
atrair profissionais recém-formados ao interior do Brasil e para regiões de
periferia.
Convém
informar a esse distinto defensor da classe médica que no país de recursos
públicos escassos no qual ele vive, as universidades estaduais do estado mais
rico da federação pagam hoje R$ 8.715,12 para os PROFESSORES DOUTORES que
ingressam nas instituições EM REGIME DE DEDICAÇÃO INTEGRAL à docência e à
pesquisa (40 horas semanais).
Nas
universidades federais, docentes nas mesmas condições recebem R$ 7.627,02 e
ingressam na carreira como professor Adjunto 1.
Todos
esses verdadeiros DOUTORES têm, certamente, mais anos de dedicação aos estudos
e à profissão do que os "doutores"
recém-formados na nobre profissão da Medicina. E trabalham recebendo esses
salários modestos, muitos deles ajudando na formação dos futuros médicos, que
estudam gratuitamente nas melhores universidades públicas do País.
Assim
como este médico há vários e suas entidades de classe que defendem com unhas e
dentes suas posições para perpetuarem um poder onipotente, classista e
mesquinho chegando ao absurdo de se desresponsabilizar com o cumprimento da
carga horaria contratada.
Sou um
defensor contumaz da dignidade salarial e sei que o valor do trabalho no Brasil
é degradante advindo de um sistema que privilegia o lucro do dono do capital,
mas sei também que estamos em meio a um processo altamente disputado onde de um
lado esta um governo progressista forjado na luta popular e revolucionária da
década de 60, que não se perdeu nos anos 80 e lutou contra os herdeiros de uma
classe patronal capitalista com seus aliados poderosíssimos da mídia golpista
que tudo faz para desmoralizar a sua Governanta.
As
propostas apresentadas pela Presidenta Dilma dão conta de mostrar ao povo a
necessidade de termos no Brasil uma politica de saúde publica que seja
responsável pela necessidade dos usuários desta rede de saúde e para isso o
papel desempenhado pelo médico é tão importante como de qualquer profissional
da equipe.
Não
podemos aceitar que um médico atenda 20 ou 30 pessoas em uma hora e vá embora e
receba como estivesse trabalhado por quatro horas por dia de trabalho.
Exigimos
que os médicos façam parte desta equipe como um importante componente, que
permaneça o tempo integral, integralizado ao atendimento humanizado de cada
paciente sem preocupação com o tempo, salario ou outro protocolo qualquer a não
ser o protocolo da necessidade clinica-social de seu “paciente”.
É
oportuno também que este debate se estabeleça a partir da remuneração medica
que se estendera para toda a categoria de trabalhadores da saúde publica por
imposição do chamado efeito cascata.
Por
analogia será ampliado aos professores como bem lembra a matéria que inicia
este singelo escrito e dai por diante teremos um grande debate nacional sobre
quanto vale o trabalho nosso de cada dia.
Mas
retornando ao tema da saúde, este debate devera ser ampliado para as condições
de trabalho de cada unidade de saúde em todos os seus níveis de complexidade,
suas estruturas físicas e técnicas e as condições oferecidas aos pacientes
iniciando pela chegada ao serviço de saúde.
Quando
nos encontramos doentes pensamos em ser atendido imediatamente para ficarmos
bem e nos ver livres daquele problema, mas atualmente não basta estar doente,
temos que estar muito doente para ser protocolado como vermelho para ser
atendido em uma ou duas horas, em media.
O
principio da humanização preconiza mais do que isso e podemos chegar a um
acolhimento de fato que leve em conta a agilidade no atendimento e a
necessidade do usuário, onde para ser conferido os sinais vitais não seja mais
necessário esperar uma hora para receber uma tarja azul que lhe pune com mais
quatro horas de espera mesmo que não tenha ninguém mais necessitado do que você
em sua frente.
Esta
transformação deve iniciar pela acolhida dos usuários nos serviços de saúde,
acabando de vez com as filas e seu comercio paralelo.
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