Foto da revista Carta Maior |
Em artigo de Saul Leblon na revista Carta Maior informa que na última sexta-feira (08-7-11), o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, liderou uma passeata de milhares de operários que desligaram as máquinas para protestar contra a desindustrialização embutida nessa engrenagem.Nobre fez uma rápida conta para ilustrar o estrago em curso no país.
Um milhão de automóveis importados ingressarão no mercado brasileiro este ano, segundo o dirigente do ABC.
É mais do que 1/3 das 2, 8 milhões de unidades fabricadas no país em 2010, que empregaram 138 mil operários nas linhas de montagem.
A importação prevista em 2011, portanto, corresponde a uma perda potencial de oportunidades de trabalho equivalente a 40 mil empregos. A Fiat, a maior fábrica do país hoje tem 38 mil funcionários.
Outras correlações entre a política monetária e as condições da vida social poderão assumir um teor igualmente explosivo, caso as lideranças sindicais resolvam incorporá-las à agenda das mobilizações operárias.
Os juros da dívida interna custaram ao país R$ 213 bi nos últimos 12 meses (uma parte paga, uma parte agregada ao saldo devedor).
O orçamento reservado à educação pública brasileira em 2011 é inferior a 1/3 disso, R$ 65 bi.
O financiamento de 2 milhões de residências do Minha Casa, Minha Vida vai custar R$ 125 bi aos fundos públicos em quatro anos.
Significa que um ano de juro da dívida daria quase para dobrar a oferta de habitações populares. Ou zerar o déficit de sete milhões de unidades em pouco mais de três anos.
Os investimentos totais do PAC em infraestrutura em estradas saneamento, energia elétrica etc este ano vão atingir R$ 32 bi em 2011. O juro da dívida custa seis vezes mais.
Um ano de juro da dívida equivale a 71 anos de merenda escolar diária para 47 milhões de crianças e adolescentes da rede pública brasileira.
O Bolsa Família poderia elevar o benefício médio do programa para R$ 1.400,00 mensais, contra média atual de R$ 155, 0, se fosse possível inverter os fluxos: os rentistas ficariam com os R$ 17 bi do programa e as 12,3 milhões de famílias mais pobres do país teriam os bilhões devorados por eles.
O tema que os operários do ABC acabam de incorporar a sua agenda é a síntese maléfica dessa dinâmica.
Dois pilares da hegemonia neoliberal condensam-se para desencadear o processo de desindustrialização: a livre mobilidade dos capitais e a captura dos fundos públicos pelo capital financeiro, através do pagamento de juros aos títulos da dívida interna.
Há duas formas de se quebrar essa simbiose que sequestra a democracia no cativeiro de interdições financeiras. Uma delas seria a derrubada fulminante dos juros e centralizar o câmbio no BC brasileiro. Leia mais em:
Por outro lado no Rio Grande do Sul o setor do comércio esta em crescimento e em 2010 foi de 10.7% ficando acima dos 7.8% do PIB Gaúcho.
Conjugado a isso o crescimento do consumo esta projetado para 5% real, já descontado a inflação este ano.
Segundo o IBGE há crescimento do consumo das famílias e é no comércio interno que se vê isso.
Só em Viamão, cidade da região metropolitana de Porto Alegre, o comércio empregou 5.962 pessoas gerando 32% do total das 18.572 vagas criadas na cidade.
Mas esta euforia toda não deve ser comemorada pelos trabalhadores e por sindicalistas quando se analisa os dados fornecidos pelo Dieese (http://www.dieese.org.br/ ) em estudo realizado para o Sindicato dos Empregados no Comércio de Viamão.
Indicadores Masculino Feminino Total
Comércio 3.353 2.609 5.962
REMUNERAÇÃO MÉDIA DE EMPREGOS FORMAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2010
Indicadores Masculino Feminino Total
Total das Atividades 1.395,97 1.646,03 1.496,38
Extrativa Mineral 1.479,76 899,15 1.423,85
Indústria de Transfor 1.566,41 1.150,11 1.492,34
Serv. Ind. de Util. Púb. 2.419,52 824,65 1.635,37
Construção Civil 1.001,20 1.087,34 1.007,16
Comércio 1.040,15 859,16 961,02
Serviços 1.408,69 1.207,60 1.325,27
Administração Pública 2.394,00 3.328,54 3.007,67
Agropecuária 968,22 725,06 941,58
Idade de 16 a 24 anos 880,69 798,06 849,30
Ocupações com maiores estoques Masculino Feminino Total
CBO 521110
Vendedor de comércio varejista 1.231,23 888,02 1.013,15
CBO 411005
Auxiliar de escritório, em geral. 1.091,45 908,11 970,48
CBO 331205
Professor de nível médio no
ensino fundamental 5.167,09 4.429,98 4.465,53
CBO 421125
Operador de caixa 843,98 749,24 758,41
CBO 782410
Motorista de ônibus urbano 1.796,61 1.985,68 1.797,33
Fonte: RAIS/2010 - MTE
É percebido rapidamente que os salários pagos aos comerciários são menores que as demais funções e que os salários pagos as mulheres são menores que os pagos aos homens em todas as funções constituindo um serio preconceito de sexo, bandeira que deve ser enfrentada pelos sindicatos.
Assim como os metalúrgicos paulistas lutam por manter os seus empregos contra a liberação das importações patrocinadas pelo governo federal, os comerciários e todo o conjunto da classe trabalhadora devem estar atentos as “euforias” provocadas por possíveis momentos de pico no consumo provocados por ampliações nas contratações.
Estas contratações também deve ser acompanhadas devido a grande rotatividade de mão de obra nos diversos setores da economia, até porque vivemos em uma economia de mercado onde o lucro é o objetivo maior.
Este é um momento conjuntural difícil para as grandes mobilizações de massa, portanto o movimento sindical deve criar as condições necessárias para que esta pressão se dê no campo institucional promovendo ocupações nos legislativos, atuando junto aos servidores públicos e no movimento estudantil.
A inércia é prejudicial no enfrentamento político ideológico com a classe dominante embora tenhamos governantes com perfil democrático. Só porque o governo tem origem popular, não faremos greve, muito antes pelo contrário.
São nestes momentos que o conjunto da classe trabalhadora deve apontar, ao governo, onde este esta deixando a desejar para a classe trabalhadora.
MSN: itamarssantos13@hotmail.com
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