“Os jovens acampados no Rossio e nas praças de Espanha são os primeiros sinais da emergência de um novo espaço público – a rua e a praça – onde se discute o sequestro das atuais democracias pelos interesses de minorias poderosas e se apontam os caminhos da construção de democracias mais robustas, mais capazes de salvaguardar os interesses das maiorias. A importância da sua luta mede-se pela ira com que investem contra eles as forças conservadoras”.
Assim diz o artigo de Boaventura de Sousa Santos na revista Carta Maior http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17862&boletim_id=922&componente_id=14921,inquestionáveis os argumentos do pensador Boaventura, mas o resultado eleitoral (23-05-11) Espanhol não condiz com as manifestações populares que ocorreram semanas antes deste pleito que proporcionou uma fragosa derrota ao PSOE ( Partido Socialista Obrero Espanhol).
O PSOE que de socialista e operário só tem no nome foi fundado clandestinamente em Madrid no dia 2 de maio de 1879, a partir de um núcleo de intelectuais e operários (fundamentalmente tipógrafos), encabeçados por Pablo Iglesias, nascia com princípios marxistas claros em defesa da classe operária e socialista revolucionário.
Em 1979, sob direção do então secretário-geral Felipe González, abandonou as teses marxistas , adotando posições obviamente social democrata. Escolha esta que ao longo do tempo gerou um profundo desgaste ao projeto socialista que é atacado por um enorme índice de corrupção envolvendo altos dirigentes partidários.
Apesar de inicialmente os governos intitulados de socialistas terem obtido grande progresso no campo social, com a extensão dos serviços públicos e redução da inflação o PSOE não consegue manter este patamar de conquistas sociais caindo no descrédito popular pelos motivos já apontados e perde as eleições municipais e estaduais espanholas para o conservador Partido Popular – PP que soube aproveitar-se do índice altíssimo de 21% de desemprego.
A combinação de corrupção com inércia social geram na população uma insatisfação descontrolada que discursos moralistas e oportunistas são facilmente absorvidos pelo tecido social que embora, digam-se, conscientes, levando em consideração o nível europeu acabam flutuando eleitoralmente para a direita.
Minha preocupação concentra-se na transposição desta experiência espanhola para o Brasil onde não há uma cultura de pressão popular autônoma estes ingredientes tornam-se mais contundentes para o reconquista pela direita dos governos ora sob controle do Partido dos Trabalhadores que trilha os caminhos nebulosos do PSOE e de outros partidos sociais democratas europeus.
MSN: itamarssantos13@hotmail.com
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