Estou republicando essa crônica recebida de uma companheira lutadora ambiental
Esta crônica foi escrita em 3.6.1960, por Henrique Luís Roessler. Militante Ambiental já percebia a importância da preservação do ambiente natural. Lutador da causa junto com Lutzenberger e Augusto Carneiro (este ainda grande militante)
Sobrevivência da Humanidade Ameaçada.
Dos atuais 2,7 bilhões de habitantes da terra, apenas a quinta parte pode se alimentar satisfatoriamente. Os demais passam fome crônica desde o nascimento até a morte. Nalgumas regiões há excessos de alimentos, tendo havido ocasiões em que estas sobras são destruídas pelo fogo, para manter preços altos, enquanto em outras ainda morrem de fome diariamente milhares de pessoas, porque não há meios de transporte para distribuição desses recursos alimentares. Em geral ainda desperdiçam-se 10 vezes mais bens da terra do que se aproveitam.
As principais causas dessa ameaça de fome que se alastra sempre mais pelo mundo todo são a devastação irracional das matas e o fogo florestal, que estão desfertilizando a terra produtiva, os maiores crimes insanáveis contra a terra.
Dizem os cientistas que para produzir uma camada de terr-mãe de apenas 3 centímetros de grossura, a natureza precisa de 300 a 1000 anos.
Já foi esgotada mais da metade da superfície arável do mundo. Até na América do Norte 40% da outrora camada fértil hoje não é mais aproveitada. 400 milhões de hectares estão se transformando em desertos. 5 milhões de toneladas de terra de cultivo estão sendo levadas anualmente pelos ventos e pelas águas. Só em 1947-1948 os incêndios florestais nos Estados Unidos consumiram 9 milhões de hectares de mata virgem, o que representa mais do que o consumo de madeira durante 10 anos.
Na Alemanha as forças de ocupação em 3 anos procederam ao corte raso de 700.000 hectares de matas, as quais, entretanto, já foram reflorestadas com 7 milhões de mudinhas, mas este crime fez secar num só ano na Floresta Negra 600 fontes.
Calculam que até o ano de 2000 a população terrestre terá atingido 6 bilhões de habitantes e que para garantir a alimentação dessa massa humana seriam precisos diariamente 130.000 hectares de terra nova. No entanto perdem-se por dia nada menos do que 200.000ha de chão arável, pelo esgotamento da fertilidade, aumento das cidades, alagamento pelas represas, alargamento das estradas, maiores campos de treinamento militar, novos campos de aviação, espaços para novos quartéis e institutos de educação, etc.,
A área florestal está sendo reduzida cada vez mais. Baixou de 9/10 para 2/10 da superfície da terra. Paralelamente baixaram os níveis da água subterrânea e secaram os rios, como também acontece no Nordeste Brasileiro.
A Humanidade, encabeçada pelos seus dirigentes, todos movidos pelo egoísmo e materialismo, empenhada na caça ao dinheiro e posições, ignora ou não quer ver gravidade nesse problema supremo da sobrevivência.
A situação do nosso país também está ficando alarmante, porque a desgraça marcha rapidamente. Já não temos auto-suficiência de produção de alimentos para nossa população de apenas 70 milhões. Um país tão ricamente dotado pela natureza com sua população vivendo na miséria, com um Governo endividado e moeda inflacionada, os políticos se assanhando pela eleição de novo presidente, esquecendo tudo o mais e desviando a atenção do povo do principal problema.
Que o desenvolvimento da agricultura e a renovação dos recursos naturais, cujo ponto principal é o reflorestamento da terra devastada, não o simbólico do Dia da Árvore, mas o real e prático lá no interior das colônias, onde as florestas são imprescindíveis, mas imprevidentemente foram destruídas pela cobiça ou ignorância.
Unicamente no Estado de São Paulo compreenderam a realidade da situação e por isto estão tomando medidas bem drásticas de salvação, realizando um reflorestamento em proporções fantásticas, nunca visto no Brasil e fazendo a restauração da fertilidade da terra com emprego e recursos extraordinários.
Achamos que quando no Rio Grande do Sul os dorminhocos se acordarem será tarde demais para travar a derrocada, que atingirá especialmente os humildes e inocentes, porque os grandes e responsáveis, de recursos, fugirão de avião como temos exemplos em todo o Universo.
Apesar de convencidos que estamos pregando num deserto, não podíamos deixar de dar mais este brado de alerta.
3 de junho de 1960.
Hoje podemos repetir com a mesma intensidade e o mesmo sentimento:
-"Apesar de convencidos que estamos pregando num deserto, não poderíamos deixar de dar mais este brado de alerta".
Este aprendizado vem de longe. Os Ecos estão ficando roucos. Mas a luta continua!
Preservar nossos bens livres é uma questão de sobrevivência!
Saudações Eco-socialistas
Mara
ver.itamarsantos@terra.com.br
Viamão em 05-06-2008.
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quinta-feira, 5 de junho de 2008
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