A Política de Redução Danos surgiu
como uma estratégia para enfrentar as situações causadas pelo uso de drogas e
do contagio do vírus HIV.
Por volta de 1920, 1930 em Rolleston, um
condado no interior da Inglaterra, que tinha uma espécie de um centro de saúde,
conta-se que seus trabalhadores, médicos e enfermeiros, ao irem para o trabalho
tinham que obrigatoriamente passar por um grupo de moradores de rua, usuários
de heroína injetável e de álcool.
E aquilo começou a intriga-los, pois não
tinham como ajuda-los.
Então esses técnicos resolveram
distribuir heroína e álcool no centro de saúde, assim os usuários iriam ao
posto para poder pegar a droga, chegando ao posto de saúde eles ganhavam, além
da porção, o direito de poder tomar um banho, lavar suas roupas e, se
quisessem, podiam conversar com esses médicos, com esses enfermeiros,
psicólogos, enfim eles passaram a usar essa possibilidade para atrair esse
grupo.
Os resultados foram tão bons que o Condado de Rolleston tornou sendo o
berço da redução de danos no mundo, isso em 1930, 1940.
Veio a se constituir como politica de
saúde na Holanda na década de 1970 onde havia locais de saúde abertos ao
consumo de drogas.
A redução de danos questiona vários conceitos e praticas e entre elas estão às palavras chaves que organizam o
pensamento em relação às drogas que são; prevenção
e tratamento.
Veja o uso do álcool, por exemplo, os
adolescentes olham para os adultos que bebem numa boa e veem que a prevenção
não foi cumprida, pois a prevenção diz para não usar nunca, é por isso que a
prevenção que as pessoas tanto gostam é uma ilusão porque não a interesse
social em negar as drogas. Há uma grande hipocrisia nisso.
É possível usar drogas e cumprir com
as suas responsabilidades?
Muitos de nós duvidamos disso, mas ao
darmos um passeio pela cidade veremos “quanta
gente bonita”, “quanta gente rica”, “quanta gente boa”, quanta gente que estuda
e trabalha e vai beber, e depois volta para casa numa boa, não perde trabalho
nem família, e não roubam ninguém... E não são notados nas estatísticas
como usuários de drogas, mas as “gentes
feias, pobres e ruins” necessitam ser retirada a força das ruas???
Como eu queria achar que o mundo é o
mundo que eu imagino.
O mundo é diverso, avesso a minha
vontade e a ausência do exercício da democracia, tão importante para nós, é que
precisa ser restaurada para que a gente (os
bonitos e bem de vida) comece a lidar melhor com esses (os feios e pobres), assim chamados, grupos de alta
vulnerabilidade.
E no momento que admitimos que haja um
grupo vulnerável neste universo onde o uso “descontrolado ou irresponsável” de
drogas pode gerar a morte do individuo acredito que os Programas de Redução de
Danos possam ser boas estratégias para reduzir os danos à saúde contribuindo nas
suas opções sem que isso seja visto como permissivo ou antidemocrático.
A droga sempre existiu e sempre vai
existir, e as pessoas usam drogas, licitamente ou ilegalmente. O problema não é
a droga em si, mas é a relação que a gente estabelece com ela.
Tem uma frase histórica, do psiquiatra
e professor na UNIFESP, Dr. Dartiu Xavier da Silveira que diz: “o contrário de dependência não é
abstinência, o contrário de dependência é liberdade”.
Isso pode explicar porque somos
contrários à internação compulsória... Se
for livre para optar em usar drogas a internação trata de uma doença da
liberdade.
E a nossa convivência com a democracia
é muito curta, consequentemente, a gente não sabe viver com liberdade, então
admitirmos que seja um direito de cada um usar drogas e que isso não significa
sermos permissivos e sim democráticos se torna difícil, até certo tabu.
A redução de danos é muito polêmica,
pois ela não traz só prevenção de doenças, ela traz toda a liberdade à tona e
para termos liberdade temos que ter nossos direitos garantidos e nossos deveres
cumpridos, sermos responsáveis por nossas escolhas.
Viver
em democracia tem o seu preso e quando alguém escolhe livremente fazer uso de
drogas esta optando em correr riscos, pois cada um de nós reage ao uso de um
modo ainda mais quando há um sistema que lucra com tudo que escolhemos, por
isso há de se pensar como devemos contrapor-se a hipocrisia do comercio legal
de drogas que é permissivo a iniciação do consumo ilegal ou devemos liberar
geral???
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