
Será que a sociedade é refém ou culpada pela situação que estamos vivendo?
É muito mais complexo do que parece ser para responder esta questão.
Esta complexidade se dá porque nos ensinaram que somos diferentes uns dos outros nesta enorme coisa que nos disseram para chamar de sociedade.
A diferença estabelecida entre nós foi longamente incutida em nossas mentes por gerações e gerações com a clara intenção de ser correto uns terem mais que os outros, ou seja, se estabeleceu o senso comum de que “manda que pode e obedece que precisa”.
Seguindo este raciocínio percebemos que uns são os culpados por tudo que acontece nesta tal sociedade e os outros são os reféns.
A culpa esta estabelecida a partir do momento em que identificamos que só uns poucos obtiveram todas as oportunidades e os outros, inversamente, não tiveram essas mesmas oportunidades e consequentemente não desfrutaram e não teem os mesmos direitos.
A maior parcela social existente é aquela que não tem acesso aos mínimos necessários para a sua sobrevivência com dignidade.
Sem ter os direitos elementares para sua sustentabilidade e dignidade este contingente se torna refém daqueles que detém o controle dos meios para socializar os direitos ora negados.
Os “sem nada” são a maior parcela populacional da sociedade contemporânea sobrevivendo à margem, ou seja, sobrevivem em condições subumana sendo permanentemente refém de uma minoria detentora dos meios de produção, comunicação e de cultura que por opção mantém exércitos de miseráveis como peças de reposição só para satisfazer seus luxos e caprichos insanos.
A minoria empoderada por expropriação das riquezas que deveriam ser comum a todos é culpada por manter a grande maioria empobrecida subjugada aos seus interesses individuais, fornecendo-lhes em doses homeopáticas o estritamente necessário para que sobrevivam sempre na dependência do trabalho oferecido desprovido de direitos, com salários escravizantes a fim de mante-los controlados e doseis.
Em uma faixa intermediaria encontramos a chamada classe média, que se acha. Se autodefine como estável detentora de um “bom emprego”, possuidora de um diploma a duras penas pago a uma universidade privada, tem carro ano alienado em oitenta vezes, faz turismo no CVC parcelado, esta sempre estourada no cheque especial e no cartão de credito, mas mesmo assim se acha!!!
E o pior disso tudo é que faz isto conscientemente, pois teve acessos aos ditos direitos fundamentais como educação e cultura essenciais para se ter discernimento entre o que é certo e o que é errado. Mas mesmo assim se cala frente à exploração sofrida por si mesma e pela a maioria periférica praticada por uma minoria que lhe explora e escraviza os seus iguais.
A classe média é ao mesmo tempo refém e culpada por a sociedade contemporânea ser e estar do jeito que está.
Ela se presta a ser “um grande amortecedor”, “um testa de ferro” daqueles que estão no topo da pirâmide social no sentido de preservar o “status quo vivendi” impedindo de certa forma a conscientização dos marginalizados e não utilizando a sua influencia política e social para produzir uma nova cultura distributiva onde a exploração seja extinta. Esta classe prefere se manter altamente consumista e hipocritamente filantrópica.
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