Os anos passam e ela permanece firme a
cumprir o seu papel silenciosamente, ou seja, protegendo-nos do sol escaldante
do verão ou do chuvisco típico do inverno.
Sua estatura lhe permite dominar um
certo território onde todos passam por ela sem ela nada dizer, mas isso não
significa que ela não sabia todos os segredos daqueles que já foram ou daqueles
que estão chegando sem se perceber que estão sendo notados.
A palavra território refere-se a uma
área delimitada sob a posse de um animal, de uma pessoa (ou grupo de pessoas),
de uma organização ou de uma instituição.
O termo é empregado na política
(referente ao Estado Nação, por exemplo), na biologia (área de vivência de uma
espécie animal) e na psicologia (ações de animais ou indivíduos para a defesa
de um espaço, por exemplo).
Há vários sentidos figurados para a palavra
território, mas todos compartilham da ideia de apropriação de uma parcela
geográfica por um indivíduo ou uma coletividade e etc.
Todos podem até acharem que se
apropriaram deste território, mas nunca pararam para observa-lo e se o fizeram
veem e calam-se perante o que veem por desatenção ou por pura impotência frente
ao estado de coisas que acontecem no dia a dia onde somente a borracheira a
tudo vê.
Sua observação esta atenta às pessoas
que passam por este micro território, as pessoas que se sustentam dele,
sustento que vem da graxa de sapatos, da venda de algodão doce ou do baleiro
que encanta as crianças com o seu sabor adocicado.
Neste território esta apropriado pelo comércio
que movimenta e sustenta a vida de muitas vidas, mas nem sempre esta pratica
respeita a cidadania daqueles que dali sobrevive.
Em sua solitária tarefa de testemunhar
a vida, a borracheira, sabe que por ali transita o ilícito ou ilegal que vai
desde a prostituição infantil que faz parceria com o trafico de drogas
alimentando o comércio do submundo, ou quem sabe, o mundo real, bem como os
desejos mais insanos que pode passar por velhas ou novas cabeças.
De dia ou à
noite sua sombra abriga aqueles que têm este
território como CEP assim como aqueles que seu CEP está nas avenidas mais ricas da
cidade sem discrimina-los.
Sem poder fazer nada, mas sabendo que alguém poderia
fazer e acaba por não fazer pelo simples fato de não ter visto porque não
parou nesta sombra para somente observar ou porque esta atormentada por
conceitos que também transitam entre o que é democrático e o que é permissivo
ou entre o que é direito ou o que é dever, ou ainda o que é opção de escolha ou a
falta de opção ou ainda porque não há interesse em garantir cidadania porque seria muito dispendioso ao poder público e a tal "sociedade" que descarta aqueles não produzem, os corpos inúteis.
No seu silêncio a Borracheira nos
pergunta:
Até quando as pessoas vão ficar insensíveis com a opção do outro de
ter como teto a sua sombra e como leito o banco da praça???
A resposta pode estar na recuperação da humanidade ou na redução da ganancia entre as pessoas.
Publicado
no facebook em 23-4-13.