
Fontewww.paulohenriqueamorim.com.br
Forma-se uma rede para defender a reforma agrária
O Conversa Afiada reproduz manifesto que lança a criação de uma rede
de comunicação para se opor ao PiG (*) e defender a reforma agrária –
o que significa também defender os direito do MST.
O Conversa Afiada, gentilmente, convida a Senador Kátia Abreu a
meditar sobre as ideias contidas no texto abaixo publicado.:
Rede de comunicadores em apoio à reforma agrária
Dia 11 de março, às 19 horas, no auditório do Sindicato dos
Jornalistas de São Paulo, Rua Rego Freitas 530 – Sobreloja, reunião
para montagem da “rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e
contra a criminalização dos movimentos sociais”.
Denuncie a ofensiva dos setores
conservadores contra a reforma agrária!
Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma
agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a
concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo
que o MST faz para compreender o que está em jogo.
Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande
imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários,
grileiros – e parcelas do Poder Judiciário.
E chegou rapidamente ao
Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de
constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.
A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa
fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano
passado, numa campanha claramente orquestrada. Agricultores miseráveis
foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo “grave
atentado”.
A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que
foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece
ser: quem defende reforma agrária é “bandido”, é “marginal”. Exemplo
claro de “criminalização” dos movimentos sociais.
Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo
federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de
três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade”
que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e
“provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela
“violência no campo”.
Trata-se de grave distorção.
Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um
manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja
onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então
uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o
regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.
No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é
resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas
é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor
sentido…
A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você
dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem
ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram
assassinados nos últimos 25 anos.
Detalhe: levantamento da Comissão
Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo
nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes
fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.
Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a
todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos
trabalhadores rurais e ao MST.
A reforma agrária interessa também aos
que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas
brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para
plantar – nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo
latifúndio.
A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência
urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de
populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições
medievais, nas periferias das grandes cidades.
Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com
determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona
preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e
precisamos defender a reforma agrária.
Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques
coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra
qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil
mais justo.
Se você pensa assim, compareça ao Sindicato dos Jornalistas de São
Paulo, no próximo dia 11 de março, e venha refletir com a gente:
- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja
dividida?
- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?
- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma
agrária no Brasil?
É o convite que fazemos a você.
Assinam:
· Altamiro Borges.
· Antonio Martins
· Dênis de Moraes.
· Hamilton Octavio de Souza.
· Igor Fuser.
· João Brant.
· João Franzin.
· Jorge Pereira Filho.
· José Arbex Jr.
· Laurindo Lalo Leal Filho
· Luiz Carlos Azenha.
· Renato Rovai.
· Rodrigo Savazoni.
· Rodrigo Vianna.
· Sérgio Gomes.
· Vânia Alves.
· Verena Glass.
Importante: A proposta é que a rede de comunicadores em apoio à
reforma agrária tenha caráter nacional. Esse evento de São Paulo é
apenas o início deste processo. Promova lançamentos também em seu
estado, participe e convide outros comunicadores para aderirem à rede.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de
baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de
televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram
num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.