É tão raro ler-se nos meios de comunicação tradicionais conteúdos que se dispõe a abordar uma discussão politico-ideologica.
Quando temos esta oportunidade proporcionada pelo artigo do causídico, Dr. Astor Wartchow, publicado em ZH de 19/11/2009, escrito com saber e coerência de classe isto significa uma boa oportunidade para se constituir novos elementos para motivar tal debate.
Processo de tão acanhado espaço nestes meios convencionais de comunicação ou quando surgem temas como este vem acompanhado unicamente de uma visão monolítica que não permite o contra ponto.
Ao invocar Bakunin e Djilas, o Dr. Astor tenta articular ataques e desmerecer os avanços democráticos, administrativos e políticos conquistados pela grande massa popular brasileira e Latinoamericana que pela via democratica, dentro das regras preestabelecidas pelas classes mais abastadas, com as eleições de governos locais que transitam por um heterogêneo campo ideológico que vai desde a centro-direita, centro-esquerda e passando por mandatários progressistas.
Com a exceção de Cuba, nenhum governo Latinoamericano, eleito democraticamente e reconhecidos mundialmente, abandonou o sistema capitalista e suas regras que giram em torno da “livre concorrência de mercado” desregulamentada e por isso impulsionadora da corrupção galopante que atinge intimamente o povo brasileiro. Típica do atual sistema político-econômico.
A partir disso, tentar utilizar como exemplo o anarquismo, enquanto ideologia para descaracterizar ideologicamente o socialismo, comunismo ou os movimentos populares e suas lideranças que ao chegar a alguma parcela de poder constituído, como já disse, pela classe burguesa detentora dos meios de produção, educação e comunicação é muito diminuto e nada sábio, ou seja, é mero oportunismo de classe.
O Anarquismo de Bakunin nada tem haver com os atos patrocinados por indivíduos que se locupletam do poder concedido em beneficio próprio, muito menos os socialistas, comunistas e aqueles que militam nos movimentos populares.
O ideal seria que pudéssemos viver em uma sociedade auto gestionada como esta cultuada pelos defensores do Anarquismo ideológico, mas devido aos ensinamentos seculares do capitalismo onde o lucro esta acima de tudo e de todos não sendo questionado sobre os métodos utilizados para atingir este objetivo é algo muito provável.
O lucro capitalista é conquistado a qualquer custo mesmo que para isso tenha de ser corruptor ou corrompido.
Tentar mascarar os atos corruptivos de algumas pessoas ligando-as ao seu pensamento filosófico-ideológico é atrelar o conjunto de leitores a uma legião de indivíduos de pouca inteligência e de alienada interação com a vida em comunidade.
Esta tentativa de incutir “culpas” ao pensar político das pessoas para justificar os males de uma sociedade que foi construída em cima de máximas, produzidas pela própria mídia na volúpia de lucrar cada vez, como a “Lei de Gerson” divulgada massivamente na década de 1970 no auge do golpe civil militar, princípio da industrialização multinacional no Brasil é uma das tantas praticas tendenciosa e manipuladoras da classe dominante que “socializa” somente os prejuízos com o restante da população.
A corrupção não é e nunca foi um “mal” socialista ou comunista, tendo o seu campo promissor nas ditas “grande sociedades” com seus “grandes empresários” que por conseqüência figuram entre os maiores sonegadores de impostos, de direitos e de tudo que nossa percepção possa imaginar.
Esta peste que contagia a humanidade é milenar e mesmo Cristo pagou com a vida por ter expulsado aqueles que se utilizavam dos templos sagrados para comercializar e lucrar a partir da fé.
O ato de corromper faz girar a máquina corrupta dos Estados burgueses através de suas propinas a fim de monopolizar a legalidade estatal exemplificada nas concorrências públicas, nas terceirizações e todos os mecanismos que foram criados para democratizar esta estrutura, mas que foi e esta sendo privatizada a fim de beneficiar a uma pequena casta detentora do verdadeiro poder social (econômico-financeiro).
Até gostaria de ver uma sociedade genuinamente Anarquista, onde as pessoas gerissem, por exemplo, o seu próprio lixo.
Dirão uns que isto não passa de utopia, mas é necessário acreditar que para atingir este estagio teríamos que recriar uma “nova humanidade” muitos mais solidaria e fraterna desprovida de sentimentos menores como o egoísmo e a gula em suas mais variadas maneiras.
Enquanto não temos uma sociedade superior onde todos vivam em paz, temos que lutar para democratizar cada vez mais a nossa democracia e educativamente realizarmos a depuração dos maus governantes, de seus aliados e dos empresários predadores produtos de uma deformidade burguesa que se beneficia com estas práticas.
Nossa atenção deve esta concentrada em não permitir que sistemas autoritários retornem em nome da defesa da sociedade que se vê tomada pelo crime organizado, estes sim fruto da deformação do atual sistema capitalista.
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