O Comércio da Fé.
Toda religião quando levada ao absurdo do fundamentalismo ela se torna prejudicial aos seus seguidores, pois a meu ver os seus fiés não percebem os limites e os valores do certo e do errado.
Ao longo da historia humana a religião sempre esteve a serviço de maus governantes servindo como instrumento alienador do pensamento crítico de populações inteiras e de pessoas inescrupulosas que se utilizam da “boa fé” do outro para se beneficiar financeiramente.
Já tivemos em nossa historia recente escândalos envolvendo padres pedófilos e pastores evangélicos enriquecendo a custa de seus humildes seguidores como aconteceu com o bispo Macedo e mais recentemente a Pastora Sônia Hernandes e seu esposo o também bispo Estevam, fundadores da Igreja Renascer que foram presos ao entrarem nos EUA com a bagatela de 56,5 mil dólares subtraídos dos bons e fiés brasileiros.
Segundo o IBGE o Brasil tem cerca de 75% de sua população formada por católicos, portanto uma ampla maioria de pessoas cristãs. Mas esse fato não significa que não se tenha grandes contradições envolvendo a religião, economia e comportamento.
As maiores contradições aparecem nas festas natalinas, que teoricamente seriam para relembrar o nascimento de Jesus.
Mas o Natal, que tem 17 séculos e foi instituído pelo Papa Libério, em 354 dC substituindo as festas pagãs que celebravam a solstício de inverno foi transformado em uma data meramente consumista e pagã, onde a adoração ao consumo é o mais importante. O Natal passou a ser só uma desculpa para se consumir mais, muito mais do que o necessário.
O capitalismo tem aproximadamente uns 250 anos e a desenfreada “vontade de consumir” ou o consumismo surgiu a partir do século passado (XX) com o advento da produção industrial que transforma o que até então era uma produção de subsistência para uma produção em massa que fez gerar um consumo também
Aí se criou a propaganda, que gerou uma lógica funesta nas pessoas criando a necessidade do tipo: “compro, logo existo” e o Papai Noel é o símbolo dessa associação entre Natal e consumo.
Essa associação nada tem a ver com o real sentido da data. Segundo o teólogo e filosofo Claudemiro Godoy do Nascimento mesmo a Igreja Católica tendo adquirido territórios na Idade Média e tendo controlado muita riqueza, o lucro sempre foi mal visto pela teologia católica por se tratar de acumulação de bens. (ver BF. Ed.199)
Aponta também que há uma transformação no catolicismo, puxado pelos carismáticos que assumem a teologia da prosperidade, mesma teologia dos grupos protestantes pentecostais que compram o Deus e o Jesus que querem deixando de lado a ética católica da Doutrina Social e a teologia da partilha.
Com ou sem religião os cristãos de boa fé tem sempre que ter em mente de que os ensinamentos do Cristianismo nos dizem para mantermos o espírito natalino partilhando momentos com aqueles que não têm condições ou de celebrarmos a boa colheita ou o novo emprego que saciará a fome do desempregado. Afinal aqui não tem neve para se adorar Papai Noel.
Ou muda-se essa lógica perversa ou se assume na pior das hipóteses o espírito explorador do capitalismo e suas conseqüências como as explorações desenvolvidas pelos Macedos, Sônias e Estevam que sempre estarão à espreita para manipular e explorar um ser desesperado.